Desde o dia 2 de abril, China e EUA intensificaram sua guerra comercial por meio da aplicação de tarifas sobre produtos importados. De um lado, as medidas anunciadas por Washington já resultaram em impostos de 145%, enquanto em Pequim chegaram a 125%.
Diante desse impasse para negociar possíveis acordos, o gigante asiático está usando uma estratégia que vai muito além das cobranças elevadas para atingir os EUA.
Desde o primeiro mandato de Donald Trump, período no qual os países viveram uma guerra comercial, a China vem se armando para blindar sua economia de ações como a que está moldando as relações econômicas no momento.
Uma das principais ferramentas avaliadas por Pequim para desestabilizar a política tarifária de Trump é a confiança na atração do mercado chinês para empresas americanas, enquanto a Casa Branca defende que suas ações irão impulsionar o comércio interno.
O regime de Xi Jinping já começou a usar esse recurso ao impor controle de exportação a 12 empresas, incluindo a fabricante American Photonics e a BRINC Drones. Além disso, seis empresas americanas foram consideradas “entidades não confiáveis” pelo gigante asiático.
Mais recentemente, nesta segunda-feira, Pequim suspendeu a exportação de certos minerais e terras raras usados em setores estratégicos da indústria americana como o automotivo, o aeroespacial, o de semicondutores e o de defesa.
Outra penalidade a empresas americanas ocorreu nesta terça-feira, quando a China ordenou às companhias aéreas nacionais que suspendam a compra de aeronaves da fabricante americana Boeing.
Segundo o jornal The Wall Street Journal (WSJ), o regime de Xi está preparando novos artifícios para usar contra entidades dos EUA como, por exemplo, uma pressão para elas abrirem mão de sua propriedade intelectual em troca do acesso ao mercado chinês. Atualmente, a China é o terceiro maior consumidor de produtos Pequim deixou claro em diferentes declarações à imprensa local que está preparada para “lutar até o fim se os EUA insistirem nesse caminho”.
Outras estratégias menos realistas também estão sobre a mesa, como a desvalorização do yuan ou a venda agressiva de seus títulos do Tesouro americano. Contudo, as duas ações são extremas e poderiam desestabilizar o próprio mercado financeiro da China e suas relações com outros países.
Na sexta-feira passada, o governo Trump anunciou que alguns produtos tecnológicos importados pelos EUA ficariam temporariamente isentos de taxas.
A maioria das lojas da Apple nos EUA começou a sofrer as consequências dos impostos sobre a fábrica em Zhengzhou, no leste da China. Segundo a empresa global de pesquisa de mercado de tecnologia Counterpoint, cerca de 80% dos iPhones vendidos nos EUA são fabricados na China.
Nesta semana, Trump comentou que conversará com empresas americanas, como a Apple, sobre a imposição de tarifas sobre seus telefones, tablets e computadores. “Precisamos mostrar alguma flexibilidade”, afirmou na ocasião.
Por Isabella de Paula / gazetadopovo