Em meio a alta dos preços dos alimentos em todo o Brasil, o governador Mauro Mendes (União Brasil) criticou duramente o governo federal diante do apelo feito aos chefes dos Executivos estaduais para redução de tributos sobre a cesta básica. Mendes atribuiu a alta dos valores à inflação e acredita que o governo federal “gasta mais do que arrecada”.
“Hoje os alimentos estão tão caros no Brasil porque os juros estão caros, porque o dólar tá caro, porque a inflação tá fugindo ao controle, porque o governo federal, infelizmente, não fez a lição de casa. O governo federal está gastando demais”, alegou.
O chefe do Executivo estadual garante que a maioria dos itens já é isento ou tem percentual extremamente baixo em Mato Grosso. Argumenta que, mesmo se reduzisse 1%, os valores não mudariam. “Há muitos anos o governo federal vem tendo déficit primário, ou seja, gasta mais do que arrecada, o juro sobe, a dívida cresce, o desequilíbrio fiscal tá chegando na conta do cidadão brasileiro na porta da casa dele”.
As contas do governo registraram déficit primário de R$ 43 bilhões em 2024, segundo informações divulgadas pelo Tesouro Nacional nesta quinta-feira (30).
💰O saldo negativo equivale a 0,36% do Produto Interno Bruto (PIB) – que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
Apesar do rombo, o PT afirma que a meta fiscal para o ano foi formalmente cumprida com eficácia e eficiência.
Na comparação com o ano de 2023, quando foi registrado um déficit total de R$ 228,5 bilhões, houve uma queda de 81% no resultado negativo.
Mendes ainda apontou que recebeu, em 2019, um governo “totalmente desequilibrado” pela gestão anterior e que depositou esforços em organizar “a casa”, apesar das críticas que recebeu à época.
“Ao invés de ficar fazendo gracinha por aí, como a maioria dos políticos gosta de fazer, eu fui trabalhar. Trabalhamos com seriedade, contei com o apoio da Assembleia Legislativa na época, fomos vaiados, tivemos vários problemas no início, mas hoje nós temos um estado equilibrado, que paga as contas em dia”, disse.
O governador acrescentou que Mato Grosso serve de exemplo ao governo federal e que deixa esta lição de gestão. “Essa lição que eu devolvo ao governo federal. Nós temos que fazer o dever, cuidar das contas públicas, porque se o governo federal tivesse feito isso, não estaria precisando fazer esse tipo de coisa que, a meu ver, não vai resolver”, rebateu.
Na última semana, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, propôs aos governadores zerar a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os produtos da cesta básica como forma de tornar os alimentos mais baratos. A medida foi apresentada como uma sugestão temporária e não obrigação aos governadores. No entanto, a medida repercutiu negativamente entre os gestores estaduais.
Arrecadação X gastos
📈A melhora das contas do governo em 2024 tem a ver com a arrecadação — que somou R$ 2,65 trilhões, o melhor valor da série histórica, que tem início em 1995.
As receitas foram influenciadas pelo bom comportamento da economia e por ações de aumento de impostos de forma agressiva.