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Perspectivas ruins minam promessa de Lula de ser melhor que Bolsonaro na economia

17/10/2023

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu a prosperidade nacional no seu governo, afirmando que seu terceiro mandato apresentaria crescimento econômico médio dos primeiros dois governos (2003 a 2010) – cerca de 4% ao ano. Mas as perspectivas para os próximos anos indicam que a promessa dificilmente será cumprida.

“Nesses próximos quatro anos, vamos fazer muito mais do que fiz nos meus primeiros oito anos. O trabalhador vai receber, além da inflação, o crescimento médio do PIB, como sempre fizemos em nossos governos”, discursou o presidente em ato sindical do 1º de maio. Em meio aos riscos para a economia doméstica e externa, Lula está apostando no investimento público e outras ações, como um programa de valorização do salário-mínimo, para reaquecer a atividade produtiva. Mas analistas e políticos ouvidos pela Gazeta do Povo descartam a expansão vigorosa do Produto Interno Bruto (PIB), que mede o desempenho da economia. Eles estimam percentual inferior à média dos dois primeiros mandatos do petista e, na melhor hipótese, um empate com a gestão do antecessor Jair Bolsonaro (PL), prejudicada pela pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia.

O PIB cresceu 2,9% em 2022, uma desaceleração em relação aos 5% do ano anterior. Para este ano, o mercado financeiro calcula alta de 1%. Já para 2024, o crescimento subiria para 1,4%. As projeções do governo são mais otimistas: crescimento de 1,6% em 2023 e 2,34% no ano que vem.

Considerando as projeções do mercado para 2023 e 2024, o PIB precisaria saltar mais de 6% em cada um dos dois últimos anos do governo para que Lula possa cumprir a promessa de bonança – um número muito maior do que apontam as projeções para os ano de 2025 e 2026.

Não será fácil o desafio auto-imposto pelo Lula 3 para repetir o crescimento experimentado nos seus mandatos anteriores, entre 2003 e 2010. Durante o governo Lula 1 (2003-2006), a variação média anual do PIB foi de 3,5%, enquanto no Lula 2 (2007-2010) esta cifra alcançou 4,6%. As médias anuais dos dois governos somadas registram 4,05% no período. Veja:

Para políticos e analistas, Lula vai culpar terceiros pelo fracasso

De acordo com o cientista político e diretor-geral do Ranking dos Políticos, Juan Carlos Gonçalves, o Brasil hoje é bem diferente daquele do início do século, quando Lula assumiu a presidência pela primeira vez. O país não conta com aquela alta valorização das commodities minerais e do campo e ainda enfrenta insegurança jurídica, com o presidente ameaçando reestatizar empresas e extinguir marcos regulatórios, disse. Para ele, a postura de Lula afugenta investimentos externos e retarda o avanço do PIB. Mesmo com um recuo significativo dos juros, é improvável que o país atinja crescimento anual acima de 3% nos próximos anos, disse. Gonçalves acredita que Lula acabará transferindo a responsabilidade pelas frustrações no plano econômico para o BC, o Congresso ou fatores externos. Mas este sucesso ou fracasso é sempre creditado ao Executivo, como ensina a frase de James Carville, assessor do presidente americano Bill Clinton na campanha eleitoral de 1992: ‘é a economia, estúpido. Gonçalves entende que a reforma tributária deveria ser a prioridade maior do governo, pois contribui diretamente com o crescimento do PIB e com a sustentabilidade fiscal, mesmo sem grandes ganhos imediatos. Ele destaca o estudo do economista Bráulio Borges, da LCA Consultores, que prevê expansão econômica de 33% em 15 anos, caso o projeto em discussão no Congresso seja aprovado. O escopo da reforma definirá se o Brasil continuará com resultados medíocres ou se terá juízo para se tornar um país viável, finalizou.

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