Eduardo Suplicy quer criar “espaços de uso seguro de substâncias psicoativas” para “acabar” com Cracolândia. Ricardo Nunes reage com ironia
Um projeto de lei protocolado pelo deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) prevê a criação de “espaços de uso seguro de substâncias psicoativas” no estado de São Paulo.
O PL, protocolado nessa terça-feira (11/3) na Assembleia Legislativa (Alesp), propõe que sejam criados locais de uso supervisionado de drogas e álcool. Isso seria acompanhado por uma equipe com profissionais da área da saúde para “colaborar com o tratamento e a reabilitação das pessoas que fazem uso problemático de substâncias psicoativa”.
A proposta, que teria a Cracolândia em São Paulo como um dos seus principais alvos, foi respondida pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) em um vídeo nas suas redes sociais:
“O cara [Suplicy], um deputado eleito, querer que tenha espaço para as pessoas ficarem usando drogas? Mas pessoal não tá batendo bem da cabeça, não é possível. Não vou deixar isso acontecer aqui, não. Essas pessoas precisam entender que a gente precisa trabalhar para que as pessoas não usem drogas, e não fazer essa apologia, esse apoio ao uso de drogas”, diz Nunes no vídeo.
” O universo das drogas é bem mais complexo, não comportando leituras simplistas e imediatistas, sobretudo, quando se trata de planejar e promover políticas públicas responsáveis e duradouras, para enfrentamento de uma questão que afeta, de maneira aguda, múltiplas esferas da sociedade”, disse Eduardo Suplicy ao Metrópoles.
Justificativa
Na justificativa do PL, Suplicy diz que a criação desses ambientes ajudaria a acabar com a Cracolândia, porque forneceria um ambiente seguro, livre de julgamentos, para que os usuários utilizem crack sem a presença do crime organizado.
“Salas de uso assistido forneceriam o que os usuários procuram em locais como a Cracolândia, desmontando, portanto, o seu propósito de existir, bem como o sistema montado pelo crime organizado para a venda de drogas nesses locais”, diz o PL.
A estratégia, segundo o deputado, já é usada em países da Europa, como Suíça, Holanda e Alemanha. Estudos anexados ao projeto indicam que as salas reduziram as mortes por overdose e o risco de contaminação de doenças infecciosas.
Além disso, elas também teriam efeito na redução da perturbação da ordem pública relacionada ao uso de drogas em locais públicos. Para a execução do projeto, Suplicy requer um orçamento anual de R$ 1,2 milhão.